segunda-feira, setembro 18, 2006

A Festa da Vindima

Opinião

Ainda o sol não tinha nascido por completo já as camisolas novas e brancas aqueciam os corpos dos familiares e amigos reunidos debaixo dos pinheiros na madrugada de 20 de Agosto.
O frio da manhã contrastava com a vontade de vindimar, resultado do bom ambiente vivido nos dois anos anteriores.

Com as t-shirts vestidas, toda a gente se coloca lado a lado para a fotografia de grupo. Enquanto o branco imaculado não é substituído pelo sumo das uvas doces. É a deixa para o início da 3ª Vindima do Valle de Junco. O dia amanhece devagar, com o sol a teimar não aquecer as gotas de orvalho deixadas pela noite fria. Os vindimadores, esses tremiam os dentes e trabalhavam para aquecer as mãos geladas enquanto o sol não aparecia. Ainda pouco passava das sete da manhã.

Com a manhã a avançar, as caixas começam a acumular-se na arca frigorífica. Contar, despejar, empilhar, distribuir. Ninguém tem mãos a medir. A vindima é um trabalho árduo e de equipa. Há que trabalhar em grupo para que nada falte e tudo corra como previsto. Uns cortam as uvas, outros distribuem caixas vazias e água que tardam no avançar da quente manhã, outros, no tractor, recolhem as caixas e levam-nas para perto dos lagares e outros despejam-nas para que sejam moídas.
Toda a gente tem um papel importante no processo: não é a toa que só amigos são convidados para esta grande festa que é de todos aqueles que nela participam.

O almoço é apenas uma pausa no trabalho que continua para além das horas da manhã. Depois do descanso, todos voltam ao trabalho. Há que recuperar do tempo perdido com forças redobradas. O calor é difícil de suportar. As t-shirts adquirem agora um tom mais escuro, diferente daquele que as caracterizava nas primeiras horas do dia. As canções, os cheiros, o ambiente. Tudo inspira a trabalhar mais e melhor. É preciso vontade. O dia avança e o trabalho termina.
Os banhos retemperam. Ajudam a esquecer o cansaço. Reequilibram o corpo. As uvas estão agora divididas entre o lagar e a arca. As últimas serão colocadas cedo, no dia seguinte. À noite faz-se a festa com a eleição da primeira Miss Vindima. Vencem as cinco concorrentes da noite.

A adega impressiona e fascina todos aqueles que conheceram o Valle de Junco antes de tudo. A construção, já em fase de acabamentos faz lembrar uma pequena aldeia, unida num só edifício. Além do esforço conjunto existe a admiração e a paixão conjunta. Ainda que sentida de formas diferentes, ela aí existe. Dentro de cada um.

O fim-de-semana acaba. O sol põe-se. Os amigos regressam a casa. O desejo de voltar fica no coração de todos. A união faz mesmo a força.

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